
Qual é o impacto dos microplásticos nos oceanos?
Os microplásticos fazem parte do nosso presente e são considerados um problema tanto para os animais marinhos, como também para nós humanos. Qual é o verdadeiro impacto dos microplásticos nos oceanos?
Neste artigo, desvendamos o que são microplásticos e quais os seus reais impactos no nosso meio aquático. Para além disto, também mostramos algumas notícias recentes que revelam as suas possíveis consequências para o ser humano.
O que são microplásticos?
Os microplásticos são partículas de plástico muito pequenas que tem, geralmente, menos de cinco milímetros. E como é que é possível existirem plásticos tão pequenos? Por um lado, podem ser produzidos durante o desenvolvimento de produtos e, por outro, resultam da fragmentação de plásticos maiores.
Por exemplo, na lavagem de calças de ganga são libertadas até 56 mil microfibras por lavagem. O aspeto positivo é que existem soluções para reduzir o impacto dos microplásticos nos oceanos seja através da diminuição do número das lavagens ou o uso de sacos coletores de microplásticos.
Como funcionam estes sacos? A ideia é colocares as tuas peças de roupa dentro do saco, enchendo-o apenas até 2/3 da sua capacidade para deixares espaço para as roupas se movimentarem. No final da lavagem, retira a roupa e os microplásticos que ficaram presos no coletor e coloca-os na reciclagem.
Quais são as categorias de microplásticos que existem?
Estas pequenas partículas dividem-se em duas categorias:
- Primários: são projetados para usos comerciais como é o caso de produtos para cuidados pessoais, roupas, redes de pesca, entre outros. O Parlamento Europeu coloca a hipótese destes representarem entre 15% a 31% dos microplásticos nos oceanos;
- Secundários: têm origem na fragmentação de plásticos maiores como é o caso de garrafas de água/sumo, devido a fatores externos (radiação UV, vento, ondas). Neste caso, podem ser encontrados entre 69% a 81% nos oceanos.
Qual é o impacto dos microplásticos nos oceanos?
Sabes que são produzidas mais de 300 milhões de toneladas de plástico por ano e que cerca de 10 milhões vão parar aos oceanos?
Através de um estudo, realizado em 2019, é possível verificar a acumulação de macro e microplásticos ao longo da linha costeira (zona de terra), em águas com profundidade inferior a 200 metros e em águas com profundidade superior a 200 metros.
O mesmo estudo revela que, entre 2010 e 2015, houve um aumento significativo do número de macroplásticos. Para além disto, em águas mais profundas a quantidade de microplásticos é visível ao longo do tempo, o que pressupõe que a sua decomposição demora algum tempo.
O facto de poderem demorar milhares de anos a decomporem-se traz vários problemas a nível ambiental. Os microplásticos podem derivar do descarte do lixo e do escoamento das águas e são encontrados nos solos como também nos ambientes marinhos.
O impacto na vida marinha
De toda a poluição nos mares, 80% são resíduos plásticos.
Ao longo do tempo, os materiais plásticos têm maior capacidade para absorver poluentes hidrofóbicos e, para além desta exposição a produtos químicos, os plásticos podem levar à degradação de habitats, perda de biodiversidade e ao ferimento das espécies marinhas. Os microplásticos podem difundir espécies invasoras, bactérias e vírus.
Ainda sobre este impacto dos microplásticos nos oceanos, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) indica que cerca de 800 espécies de moluscos, crustáceos e peixes já ingeriram plástico.
Também o ser humano não escapa a este problema
Os microplásticos são transmitidos para o ser humano através da ingestão de animais marinhos e terrestres, mas também através da água potável e de poeiras. Uma das consequências pode ser as infeções uma vez que como são partículas estranhas o organismo irá responder.
Outros autores indicam, ainda, que os microplásticos têm potencial para originar alguns problemas como cancro, dificuldades na atividade reprodutora e diminuição das respostas imunológicas do corpo.
Porém, segundo o Parlamento Europeu, ainda não se sabe qual é o real impacto na saúde mas o facto dos plásticos terem substâncias químicas possivelmente tóxicas faz com que possam ser prejudiciais.
Para além de já terem sido encontrados em fezes humanas, os microplásticos foram encontrados na corrente sanguínea e no leite materno. Experiências em laboratório indicam que causam danos nas células humanas.
O seu impacto no clima
O impacto dos microplásticos nos oceanos é uma realidade tal como as suas consequências no clima. Alguns plásticos, no seu processo de degradação ou exposição à luz solar, libertam gases como metano e etileno que contribuem para o efeito de estufa.
Em suma, podemos afirmar que os microplásticos estão em praticamente todo o lado, até em produtos de higiene pessoal. Cerca de 10 milhões de toneladas de plástico são libertadas nos oceanos, por ano. Isto traz vários problemas na vida marinha e para o ser humano.
Autora: Daniela Matos